Quando eu estava na 7ª série do ginásio 👵, a professora de português dividiu a sala em grupos e passou um trabalho: procurar xis erros gramaticais em uma mídia específica, apresentá-los para a classe e corrigi-los. Entre rádio, tevê, jornais, livros e revistas, meu grupo ficou com a tevê, e eu me lembro de ter pensado: “meldels, isso vai ser impossível!”
Com o olho destreinado, o jeito foi gravar o Jornal Nacional e “corrigir” falas levemente coloquiais dos apresentadores para a normal culta – como se um telejornal fosse a mesma coisa que uma tese de doutorado. 😒 Hoje eu penso comigo: como que essa professora não ponderou nada sobre funções, finalidades ou contextos? Lembro também que a gente apelou pruns programas toscões tipo Aqui Agora pra gravar entrevistas com pessoas humildes, porque elas falavam “tudo errado”. (Olha o preconceito linguístico aí, gente! Ai, os anos 90 🤦♀)
Muitos anos e graus de astigmatismo depois, não consigo ter paz nem assistindo à minha série preferida. É certo que muito conteúdo por aí não passa por revisão, mas mesmo o que passa está sujeito a falhas, já que esse trabalho ainda é feito por humanos, né. Nosso olho se acostuma a pular sempre o mesmo erro, e é por isso que as editoras costumam contratar dois ou mais revisores pra trabalhar em um livro: o que um não pega, o outro pega.
Homenageando The Office, que eu maratonei com 15 anos de atraso e esquentou meu coração durante 2 meses da pandemia, seguem imagens que simbolizam meu martírio 😂:
📺 “Houve”, no sentido de “existiu”, começa com “h”. E, aliás, não se flexiona: se fosse no plural, o Dwight diria que “nunca houve chicletes”
📺 Crase junto a palavras masculinas: NUNCA HOUVE nem nunca haverá! (Queria mandar fazer um outdoor com essa frase)
📺 O cara sentou na “sela” do cavalo, não na “cela” da penitenciária. Se bem que, se dependesse da Meredith, o correto seria ela sentar no cara (turupshhh 🍆 🍌)